25 de julho de 2016

PESQUISA ESCOLAR: O QUE É, COMO SE FAZ

Jossivaldo A. de Morais





      O que motiva a pesquisa

A vontade de aprender é determinante quando se refere à pesquisa, seja na escola, no trabalho, na universidade, enfim, na vida. A fome e sede de aprender cria possibilidades para que se chegue sozinho às fontes do conhecimento que estão à disposição na sociedade.
Ensinar a aprender, tarefa não só dos professores mas de todos os envolvidos na educação da criança, é muito mais que apenas mostrar os caminhos, também é orientar o educando para que desenvolva um olhar crítico que lhe permita desviar-se das inutilidades e futilidades disfarçadas de informação, e reconhecer em meio aos labirintos, as trilhas que conduzem às verdadeiras fontes de informação e conhecimento.

2    O que realmente é uma pesquisa

Pesquisar é procurar, buscar com cuidado, procurar por toda parte, informar-se, perguntar, indagar bem, aprofundar a busca.
A pesquisa faz parte do nosso cotidiano! Pesquisamos quando vamos comprar, alugar, quando vamos dar um presente; pesquisamos quando queremos saber o que é melhor em determinado assunto ou tipo de produto; pesquisamos anúncios de jornal e revistas, pesquisamos as horas...



      Qual a importância de uma pesquisa

Por estar envolvida em todos os processos que envolvem a vida humana, como a ciência, a tecnologia, o progresso intelectual individual e de grupo; se não houver pesquisa não haverá, portanto, ciência, tecnologia ou mesmo desenvolvimento intelectual. Se não houvesse pesquisa todas as grandes invenções e descobertas humanas não existiriam.

4     Primeiro passo da pesquisa: O Projeto

Ninguém deve iniciar uma pesquisa sem antes ter preparado um projeto! Fazer projeto é lançar ideias para a frente, é prever as etapas de um trabalho, é definir aonde se quer chegar com ele. Com isso em mãos e em mente ficará fácil saber como agir, que decisões deverá tomar, qual o próximo passo para o alcance do objetivo desejado.
O projeto se inicia com a escolha de um tema que nos é familiar, uma temática que nos desperta interesse e nos instiga (estimula) a buscar compreender melhor. Se a pesquisa for realizada em grupo é necessário que se discuta os interesses que vão surgir nesse grupo. É preciso chegar a um acordo sobre o que o grupo irá pesquisa, qual o projeto que todos vão se debruçar.


5      Discutindo e definindo o projeto

Antes de avançarmos é necessário destacar a importância da LEITURA e COMPREENSÃO DA LEITURA. Somente a partir da leitura e do entendimento das ideias expostas no que foi lido, é que será possível criar seu texto seguindo um plano de escrita pré-elaborado. Lembramos que redigir é dizer a outras pessoas o que se pensa. Redigimos um texto quando conversamos, escrevemos ao celular ou ao computador, quando resolvemos um problema, descrevemos uma cena, defendemos ou expomos nosso ponto de vista.
                       
                                       Elementos de um projeto de pesquisa escolar

1.      Título;
2.      Objetivo;
3.      Justificativa;
4.      Metodologia;
5.      Produto final;
6.      Fontes de consulta (Referência bibliográfica);

Analisando cada um dos elementos de um projeto de pesquisa escolar

1-      Título: tudo que fazemos recebe uma denominação, nem que seja provisória, até que durante o desenvolvimento da pesquisa o nome definitivo surja;
2-      Objetivo: É a meta que se quer alcançar com o projeto. É a contribuição que o projeto quer dar ao conhecimento do tema a ser pesquisado. Fazer uma pesquisa é assumir o compromisso de aumentar o conhecimento das pessoas acerca de um determinado assunto;
3-      Justificativa: É a parte da pesquisa na qual se apresenta a importância do tema escolhido. Nela se apresenta argumentos que convençam as pessoas de que aquele trabalho é digno de atenção e interesse;
4-      Metodologia: É a maneira como se vai obter os dados que sustentarão toda a pesquisa, por exemplo: leitura, fichamento, redação de texto, elaboração de maquetes, experiência em laboratório, entrevistas, consultas, etc;
5-      Produto final: É o momento que a pesquisa oferece a sua contribuição para o aperfeiçoamento intelectual do indivíduo, da turma, da escola, da cidade, etc. Precisa-se saber a quem a pesquisa será direcionada e o que ela oferecerá para o desenvolvimento intelectual, tecnológico ou científico;
6-      Fontes de pesquisa: é a base sobre a qual o autor se sustentou para apresentar seu produto final: a pesquisa. Como a pesquisa não é uma cópia de algo que alguém já escreveu, se o leitor tiver qualquer dúvida sobre o que está sendo discutido, ele pode consultar as fontes citadas verificar onde está o problema. A indicação bibliográfica dá credibilidade ao trabalho realizado, mostra que o pesquisador agiu com seriedade e honestidade. Prova que o trabalho é resultado de uma pesquisa séria e não de uma simples cópia.


OBRAS CONSULTADAS

FAULSTICH, E.L.J. Como ler, entender e redigir um texto. 8.ed., Petrópolis: Vozes, 1997.

BAGNO, M. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1999.


1 de março de 2016

DISSERTAÇÃO FILOSÓFICA: o que é e como elaborar


Prof. Dr. Sílvio Gallo


      A dissertação filosófica corresponde a um discurso específico da filosofia, articulado por meio de conceitos e desenvolvido por meio de argumentos. A elaboração de dissertações filosóficas é essencial para a prática da filosofia e do pensamento crítico e autônomo.
      Uma dissertação filosófica deve conter as seguintes partes:
  1. Introdução: parágrafo no qual o autor anuncia as ideias que serão desenvolvidas no texto;
  2. Desenvolvimento: texto central, em que as ideais apresentadas na introdução serão trabalhadas por meio de uma argumentação consistente, baseada em conhecimentos que se tem sobre o assunto, dados publicados por instituições reconhecidas, citações de outros autores, etc.;
  3. Conclusão: é o encerramento da dissertação, parte em que se retornam as ideias anunciadas na introdução de forma conclusiva, considerando toda a argumentação desenvolvida no texto central.


     O principal elemento de um texto dissertativo é a argumentação. É ela que sustentará as ideias propostas na introdução. Para que a argumentação seja consistente, além de ler bastante e manter-se sempre bem informado, você deverá ter em mente alguns critérios:
  • Utilize argumentos baseados em fatos noticiados por jornais, revistas, internet, televisão, etc, ou em estudos e publicações reconhecidos;
  • Desenvolva um raciocínio claro, organizado e coerente durante a argumentação;
  • Forneça exemplos que justifiquem seus argumentos;
  • Não utilize exemplos pessoais;
  • Não recorra a generalizações, gírias, ditados populares e provérbios.


      Na introdução de uma dissertação, além de deixar claro o seu posicionamento em relação ao tema que será desenvolvido, é importante conquistar a atenção do leitor. Para isso, você pode começar seu texto, por exemplo, com uma declaração sucinta, uma pergunta, um fato histórico, uma citação ou até mesmo um ponto de vista que será contra argumentado. Aproveite este momento do texto para problematizar o tema.
    A introdução não deve ser longa, mas também não será boa se tiver apenas uma frase. O ideal é que tenha um número de frases suficiente para anunciar ao leitor as ideias que serão desenvolvidas. Isso corresponde a uma média de três a cinco frases.
    A argumentação faz parte de nosso dia a dia. Você já pensou em como sempre estamos defendendo um ponto de vista? Ao escrever um texto, isso não muda muito.
   Num texto dissertativo, é importante estabelecer o ponto de vista que se quer defender, e estruturar o discurso argumentativo de forma bastante convincente. Afinal, em última instância, o que pretendemos com esse tipo de texto é convencer alguém de alguma coisa, ou apresentar nossa análise de um problema ou de um conceito sob um ponto de vista crítico.
   Outra forma de se articular um texto argumentativo é utilizando-se do método dialético. Seus elementos básicos são a tese, a antítese e a síntese.
    A tese é a afirmação que se faz no início do texto. A antítese é a oposição que se faz à tese, criando um conflito. A síntese é a situação nova originada desse embate entre tese e antítese. Portanto, a síntese torna-se uma nova tese, que aceita uma nova antítese e, consequentemente, originam uma nova síntese, num processo infinito.
   Esta é a estrutura de um texto filosófico, uma vez que, antes de propor qualquer interpretação definitiva, busca refletir acerca do problemas.
   Escrever um texto sobre algum tema abstrato não é tão fácil. Por isso, quanto mais lemos, mas desenvolvemos nossa capacidade de abstrair e de argumentar.



    Antes de começar a escrever uma dissertação, pare e pense um pouco sobre o que pretende dizer e aonde quer chegar. É muito importante organizar as ideias na cabeça ou em um rascunho para depois estrutura-las definitivamente.
   Antes de iniciar a escrita de uma dissertação filosófica, é muito importante fazer uma leitura meticulosa e atenta dos trechos ou textos que lhe servem de base. Para isso deve-se adotar alguns procedimentos básicos:
  • Primeiro, procure saber qual é o estilo do texto por meio do qual o autor se expressa. Há diversas forma de escrita filosófica: diálogo, poesia, aforismo, ensaio, etc;
  • Depois, faça uma primeira leitura do texto, observando o significado de cada parágrafo com atenção redobrada e consultando um dicionário da língua portuguesa e, se possível, um dicionário de filosofia. O primeiro dicionário fornece o significado e a etimologia das palavras; o segundo traz as diferentes acepções que alguns conceitos ganharam ao longo da história da filosofia por diferentes pensadores.


Fonte:

GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2013.


8 de abril de 2014

A analítica existencial de Martin Heidegger e a descoberta da cura/cuidado como constitutivo essencial do dasein (ser humano)


Jossivaldo Araújo de Morais *


Dasein [pre-sença] é o modo pelo qual Heidegger denominará o ser humano, entendido como aquele ente que possui em si a capacidade de revelar o ser. O homem é o ente que tem em sua constituição a possibilidade de revelar ser, isto é, o ser humano é, como diz o autor, a “clareira do ser”: o lugar onde o ser se faz compreender, o lugar onde se diz o ser (HEIDEGGER, 1973).
Heidegger compreende o dasein como um ente em projeto, por fazer-se. Por isso esse ente é sempre a consequência de suas escolhas, nas palavras do filósofo “[...] sempre é suas possibilidades e isso de tal maneira que ele se compreende nessas possibilidades e a partir delas [...]” (2002:244). O fazer-se do dasein é sempre uma dupla possibilidade de ação [relacionamento], seja no tocante aos entes que estão à mão [a natureza e os demais entes], chamada de “ocupação”, quanto em relação às outras pre-senças, denominada “preocupação”.
Imagem de Internet
A compreensão de si a partir dessas possibilidades, segundo o autor, é algo que se perde por conta da decadência – estar mergulhado no ser junto ao mundo, isto é, mergulhado nas ocupações diárias inevitáveis, ocupado com as coisas –, que faz o “ser-aí” viver de modo inautêntico. No modo inautêntico da vida humana a relação com as coisas toma o lugar da relação entre as pessoas (do convívio social) e do convívio particular. O viver se torna um ocupar-se com o mundo.
Mergulhada no mundo a presença perde-se de si mesma e o verdadeiro sentido do seu ex-sistir; que são as suas possibilidades, manifestas a partir do conhecimento de si, de seu convívio com os outros e da ocupação com as coisas e com a natureza. Imersos no trato com as coisas o indivíduo não se permite ter contato consigo mesmo – ver a si mesmo em suas limitações e potencialidades, descobrir-se como ser finito -, e a vida parece ser algo controlável, fácil de lidar. Heidegger (2002) chama isso de “fuga de si mesmo”, pois se prefere estar envolto em atividades a estar a só consigo mesmo, a se deparar com a sua realidade mais verdadeira: a finitude, a limitação no tempo.
O autor relata que essa fuga é uma das possíveis respostas humanas ao submeter-se ao que ele chama de angústia, pois ela abre ao indivíduo o seu ser mais próprio: ex-sistir, projetar-se, construir-se, isto é, o dasein é fruto daquilo que escolhe fazer.

Na pre-sença, a angústia revela o ser para o poder-ser mais próprio, ou seja, o ser-livre para a liberdade de assumir e escolher a si mesmo. A angústia arrasta a pre-sença para o ser-livre para [...] (HEIDEGGER, 2002: 252).

A outra resposta possível é, de posse de sua realidade: a ex-sistência, a presença assumir que sua construção como ser-no-mundo e com os outros se dá num relacionamento expresso através daquilo que é seu modo mais próprio de com-vivência: a cura. Cura que na afirmação de Heidegger é também “cuidado” e “dedicação” e que permeia “todos os comportamentos e atitudes do homem” (HEIDEGGER, 2002). Assumir esse modo de existir constitutivo do ser humano é o modo autêntico de viver da presença.
Imagem de Internet
A cura, o cuidado e a dedicação, são, como modo constitutivo essencial do ex-sistir humano, a via de acesso original ao mundo, pois através dessa constituição fundamental da pre-sença, percebe-se o “outro” – pre-senças e entes do mundo – vai-se ao encontro, dispensa-se atenção, busca compreender (ocupa-se), dialoga-se, dedica-se, investe-se tempo, orienta-se, dá-se direção, troca-se experiências, enfim, pre-ocupa-se. É nessa relação, que vai além do aproximar-se, que o ser-aí – ser que se comunica com o ser, ou seja, que se percebe como ente no mundo e que é capaz de transcendê-lo, dando-lhe sentido e modificando –, constrói a si e ao outro.



* Professor Efetivo da Rede Pública Estadual do Tocantins (2010).  Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará – UECE (2005). Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade ITOP (2009). Especializando em Filosofia Contemporânea pela FACEL-PR (2014). Foi professor auxiliar na Universidade Federal do Tocantins nos cursos de Licenciatura em Filosofia e Licenciatura em Artes-Teatro (2012-2013). Foi professor efetivo da Rede Estadual do Pará (2007-2011).





REFERÊNCIAS

HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. 11. ed. Tradução de Márcia de Sá Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 2002. p.243-262.

_____. Que é metafísica? Tradução de Ernildo Stein. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.223-261.


27 de fevereiro de 2014

A [Des]Construção anunciada e operada pelo pensamento contemporâneo



 

 Nietzsche, no Assim falou Zaratustra, nos convida a trilhar um caminho em direção à verdade, pois segundo ele não há um caminho que aponta para ela. Ele sugere uma desconstrução da nossa forma de pensar, não como destruição, mas como uma decisão de caminhar seguindo nossos próprio rumos.



 Jossivaldo Araújo de Morais*


Ao se falar em pensamento contemporâneo em geral, ou mesmo em Filosofia de modo específico, um primeiro desafio a enfrentar é o relacionado à desconstrução. O termo tornou-se mais popular com Jacques Derrida, mas desde Nietzsche, em especial, o pensamento contemporâneo ocupou-se em estabelecer rupturas ou desconstruções em relação à tradição ocidental do pensamento, dedicar-se a questões ou problemas que reflitam o tempo atual e não os que a tradição menciona. Nietzsche pretende “forjar novos valores para uma nova era” (LAW, 2009, p.316), ou seja, estabelecer valores que atendam a necessidade da época em que se vive, os valores herdados da tradição já não são suficientes, e os estabelecidos agora talvez não o sejam amanhã – e  certamente não o serão. A missão do pensamento contemporâneo já se coloca em seu livro Assim falou Zaratustra, conforme nos atesta Guimarães Rodrigues (1996), o filósofo afirma não haver um caminho que aponte para a verdade, mas é necessário que se construa esse caminho continuamente através da experiência e da interrogação. A “[des]construção” sugerida de modo algum diz respeito a uma destruição, mas uma re-elaboração dos princípios sugeridos pela tradição. A proposta é mesmo de ruptura [cisão] e parece sugerir: até aqui seguimos o pensamento tradicional, a partir daqui tomamos nosso próprio rumo de acordo com as necessidades que nos são inerentes.

Em todos os campos do pensamento contemporâneo o que se vê é uma tentativa de valorização do que é próprio ao ser humano como percebemos na inversão operada por Ortega y Gasset ao cogito cartesiano: Existo, logo penso. Na sugestão de Karl Jaspers, de que a filosofia deveria conduzir o ser humano a uma autodescoberta e a um modo de vida autêntico (LAW, 2009).
Contra a tendência moderna de culto ao progresso, culto à ciência, culto à razão e o desprezo às outras formas de conhecimento (DE LIMA, 2004), Ludwig Wittgenstein afirma “não é apenas a linguagem científica que é significativa. Existem muitas formas diferentes de discurso, cada uma com suas próprias regras [...]” (LAW, 2009, 327). De modo semelhante Martin Heidegger criticou a cultura de massa e a sociedade tecnológica moderna por distanciarem o homem da natureza levando-o a perder a sua originalidade [sua capacidade de pensamento e decisão] e tornando-o dependente das conquistas científicas. Karl Popper nos ajuda a compreender que as teorias científicas não são incontestáveis, mas, ao contrário, corroboráveis e/ou refutáveis, isto é, elas podem ser confirmadas ou rejeitadas através das experiências realizadas; isso nos dá a certeza de que uma teoria científica é válida enquanto não for refutada (superada) por outra teoria científica.
Em face de uma época dominada pelo discurso científico e pelo modo capitalista de produção, outros pensadores levantaram questões pertinentes ao período vivido: a questão da justiça e da responsabilidade por John Rawls, a cultura de massa e a indústria cultural por Max Horkheimer e Theodor Adorno, a liberdade e a responsabilidade pelo que nos tornamos por Jean-Paul Sartre, a necessidade de uma nova ética e ação comunicativa de Jürgen Habermas dentre tantos outros (LAW, 2009).

A [des]construção da contemporaneidade revela o que Jacques Derrida aponta em seus estudos, que dentre tantos caminhos apontados pela tradição do pensamento devemos buscar compreender os seus detalhes e a partir deles revelar os aspectos ocultos e irrefletidos. É exatamente nos detalhes ocultos e muitas vezes irrefletidos que se revela a desconstrução, a cisão, o novo caminho construído a partir das pistas encontradas nos textos tradicionais e sob os textos tradicionais. O tempo contemporâneo exige uma re-leitura desconstrutiva.



* Professor Efetivo da Rede Pública Estadual do Tocantins.  Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em Docência do Ensino Superior. Especializando em Filosofia Contemporânea pela FACEL-PR. Foi professor auxiliar na Universidade Federal do Tocantins nos cursos de Licenciatura em Filosofia e Licenciatura em Artes-Teatro (2012-2013). Foi professor efetivo da Rede Estadual do Pará (2007-2011).


REFERÊNCIAS
DE LIMA, Raymundo. Para entender o pós-modernismo: notas de pesquisa. Revista Espaço Acadêmico. n. 35. abril 2004.
GUIMARÂES RODRIGUES, Victor Hugo. As armadilhas da desconstrução: as estratégias do texto nas aproximações entre Derrida e o Zaratustra de Nietzsche. Cadernos Nietzsche. n.1. 1996.
LAW, Stephen. Guia ilustrado de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.


14 de janeiro de 2014

Um jovem que não quer parar


Neka Machado
Relações públicas, jornalista, coordenadora do Núcleo de Eventos
e Relacionamento do Espaço Experiência da Faculdade de Comunicação
(Famecos) da PUCRS



A geração digital vive o mundo on-line como vive a sua própria vida real. É uma geração rápida, ágil, em que o agora interessa. Faz acontecer aquilo que deseja. Quando tem uma grande ideia, quer colocar na roda para todos acessarem.




A geração digital tem um espírito empreendedor: de se posicionar, de falar o que pensa sobre os detalhes simples do seu cotidiano, mas também faz intervenções maiores, mais qualificadas, mais aprofundadas. É uma geração que não quer parar, que fica ligada, que passa horas jogando games, que passa muito tempo editando suas músicas, seus filmes, envolvidos com seus prazeres e seus desejos. É uma geração que faz o seu próprio vídeo, que escuta a rádio que quer escutar e não somente a rádio que está ali disponível.
Fonte: Schoooools

A grande diferença entre a geração digital e as gerações anteriores está no acesso muito fácil à informação, que não para e deixa o jovem de hoje mais inquieto. Este não tem um foco único: ele faz muitas coisas ao mesmo tempo. Para seduzi-lo e encantá-lo, tem que ser muito bom. Se não for, o jovem não ouvirá e buscará os conteúdos de significação mais importante para ele. Esse jovem só dá valor àquilo que, para ele, tem significado.

Nuances diferenciados

Se no passado as pessoas eram mais calmas, elas também se agitavam em outras questões: brincavam mais, ficavam muito mais tempo na rua durante o dia. Era diferente dos jovens de hoje, para os quais a noite e a madrugada têm outro sentido. Acabou o tempo em que os pais determinavam aos filhos que estivessem em casa à noite. E quando o jovem está em casa, está naquele mundo virtual, no Facebook, no Twitter, nas redes sociais, também se comunicando, interagindo.

13 de janeiro de 2014

Somos destinados à beleza, ao jardim...


"A beleza está mais ao alcance dos olhos do que a verdade.As pessoas querem ouvir geralmente o que lhes agrada, o que faz bem aos ouvidos, às suas necessidades e o que as colocam novamente na dinâmica da vida. Isso faz sentido porque elas estão tentando alimentar sua subjetividade. "




Prof. Jackislandy Meira de Medeiros Silva


De pronto, ponho-me a escrever. É fascinante o mistério que envolve as coisas. Assim o é com a beleza, pois há muita beleza no mundo. A beleza é fascinante, é divina, é encantadora, mas é preciso ouvir a voz das coisas, admirar-se com a vida, admitir o mistério. Há algo escondido na imensa vastidão da aparência. As pessoas querem ouvir geralmente o que lhes agrada, o que faz bem aos ouvidos, às suas necessidades e o que as colocam novamente na dinâmica da vida. Isso faz sentido porque elas estão tentando alimentar sua subjetividade. Talvez, por isso, as pessoas sejam constantemente mais seduzidas pela beleza do que pela verdade. A beleza está mais ao alcance dos olhos do que a verdade. A beleza parece ser mais acessível, talvez não, mas o que importa é que ela está em algum lugar, em algum estalo da natureza. Ela se esconde e se mostra rasgadamente aos sentidos. Alguém já disse que a beleza é filha do olhar. Eu acrescento... de um olhar periférico e profundo, aparente e imanente, geral e singular. Ela é filha de um olhar cuidadoso, atencioso. Às vezes, nem é preciso olhar, mas sentir, imaginar talvez.
Fonte: Pousada Jardim do Éden
Mas, definitivamente, de uma coisa eu esteja certo, em tudo isso será preciso recolher o olhar e voltar a cultivar uma admiração irrestrita por um jardim. Como encontrar um jardim nas cidades movimentadas e poluídas? Como encontrar um jardim no deserto da vida? Como encontrar um jardim nos gélidos edifícios das grandes cidades? Como cultivar um jardim nas cidades pervertidas pelo consumo e pelas drogas? Como cultivar um jardim em nós? Deus, Epicuro, Francis Bacon, Rubem Alves... Quantos não falaram em jardins! Quando estou só caminhando em meus pensamentos utópicos, penso em jardins!